sexta-feira, 14 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
terça-feira, 27 de setembro de 2011
She & Him
Ele continuava ali, olhou para o céu e pensou no que deixara ir. Sorriu, chorou, parou, esqueceu, sonhou, sentiu e amou. O dia estava lindo, o vento trazia lembranças que ele não conseguia esquecer, e nem queria. A sua voz doce, o seu sorriso meigo e aquela sua mania de mexer no cabelo que ele tanto adorava. Ele sentia a falta dela. Ele a amava.
J.M.
domingo, 25 de setembro de 2011
O príncipe da caixa
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
sábado, 9 de julho de 2011
O começo do fim
Era quase meia noite, o relógio tiquetaqueava, a brisa fria entrava furtivamente pelas brechas. E a menina ainda acordada, inquieta, com aquele pressentimentozinho ruim no coração. Levantou-se um milhão de vezes, andou pelo quarto, foi à cozinha, bebeu um copo d’ água e voltou. Nem ela mesma sabia o que a atormentava. Uma garotinha aflita no meio da noite. Bonita? Não, linda. Aquela menina era a imagem da perfeição. Tão loura tão delicada e meiga, tinha olhos azuis de boneca, uma vozinha suave, um jeito de estampa colorida. Margaret não era bem real: era uma pintura. O que poderia afligir tal criatura tão doce?
Correu seus olhinhos astutos em busca de um consolo. Coitadinha da Margaret. Seu pai já deveria ter chegado há muito tempo. Passou-se da hora do beijo de boa-noite, da sua canção de ninar, feita só para ela.
Oh pequenina, adormeça
Parecia que ele estava ali, sussurrando aqueles versos melódicos para a pequenina adormecer. Por que será que ele não chegava logo? Eles disseram que ele tinha ido para o céu. Afinal de contas, onde era esse céu? Será que era longe? E por que ele não a tinha levado junto?
Um turbilhão de perguntas passou-se pela cabecinha da pequena. O papai deveria estar bravo com ela, por isso não voltava. Tudo culpa dela, que quebrara o vaso favorito dele e então ele foi para o céu e esqueceu-se dela.
Então ela teve uma ideia. Desceu as escadas correndo, afoita. Gritava com todas as suas forças, dava para ouvir sua vozinha estridente de muito, muito longe. Papai!Papai! Me espere, serei boazinha. Ela chegou até a porta, esperando ele aparecer do nada e enlaçar-lhe em seus braços aconchegantes.
Mas ele não chegou.
E a garotinha chorosa ficou lá, esperando um pai que não voltaria.
Por Juliana Monteiro
sexta-feira, 29 de abril de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
Sorri
Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz
- Charles Chaplin
sábado, 23 de abril de 2011
Sexta feira, 22 de abril de 2011
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Zulmira
Prólogo
Abril de 1980
A parteira a examinou cuidadosamente e foi ao encontro da mãe, sorrindo.
- É uma menina – diz ela em voz baixa – Qual vai ser o nome?
A mãe sorriu emocionada, enquanto admirava aquela pequena criaturinha rosada que chorava e se debatia. Ela se parecia com o pai, tinha cabelos negros e olhos sempre em alerta. Um ser tão indefeso e inocente, que mal chegara ao mundo e pranteava em busca do seu alimento e seu lugarzinho no mundo. Por que será que ela chorava tanto? O primeiro contato com o mundo e já se tornara uma injustiçada, não queria ficar nesse cenário deplorável. Na verdade, ninguém queria. Mal chegara ao mundo e já reclamava a sua parte, a pequena devia saber, de uma forma ou de outra, o que a vida, tão maldosamente, lhe reservara.
A mãe já não mais se sabia se sorria ou se chorava. Na perspectiva de seu marido, aquilo que ela chamara carinhosamente uma benção, era, na verdade, mais uma boca para alimentar. E não deixava de o ser, essa era a quarta filha do casal e a situação era precária, viviam praticamente na miséria. A mãe, uma humilde vendedora-costureira-auxiliar de obra, era uma mulata robusta e de uma personalidade muito forte, uma mulher trabalhadora que vivia apenas para os filhos. Não era das mais carinhosas, entretanto, amava a todos à sua maneira. Ela era um tipo peculiar, nunca demonstrava fraqueza e encarava muito bem a mísera situação em que se encontravam. Até hoje não se sabe por que ela se submetia àquele modo de vida. Decerto, era uma mulher misteriosa.
O pai era um tipo daquele que se vê muito por aí. Era forte, alto e adorador de pinga. Segundo as más-línguas nas horas vagas ele era motorista, por que sua profissão na realidade era beber. Quando sóbrio era um homem severo e um pai rígido. Era um péssimo marido, e muitas vezes, podia ser comparado a um troglodita, brigava com a mulher e batia nos filhos. Se você se desse o trabalho de investigar, com certeza ninguém teria coisas boas para dizer sobre ele. Era um perfeito exemplo de homem indesejável.
Voltando á realidade, a mãe enlaçou a pequena delicadamente em seus braços e, pela primeira vez, encostou-a em seu seio e pôs-se a alimentá-la. O que seria dessa criança? Será que em meio aquela desgraceira toda, ela haveria de ter uma chance na vida?
Admirou sua filha por alguns segundos... Tão pequena, tão indefesa, apenas um grãozinho de areia nesse mundo de meu deus. Tirou dos seus olhos, cautelosamente, um fio de cabelo que a incomodava, acariciou seu rosto sempre a pensar no futuro que tanto a atormentava.
Olhou para o céu, tão azul, tão belo... E se encheu de um sentimento até então desconhecido e também eufórico. Talvez desse tudo certo, talvez seus filhos tivessem um futuro promissor, talvez...
A mão não sabia muito bem como chamar aquilo, devia ser a bendita Esperança. Era mãe pela quarta vez e nunca havia sentido aquilo. De alguma forma ela sabia que aquela garotinha precisava de um cuidado especial.
A parteira, que havia estado ali todo esse tempo, perguntou novamente:
- Então, como vai chamá-la?
Ela olhou inexpressivamente para a mulher, como se não tivesse notado sua presença até então. Pensou por alguns minutos e sorriu, olhando ternamente para a filha.
- Zulmira – disse quase num sussurro – Ela vai se chamar Zulmira.
Por J.M.
domingo, 17 de abril de 2011
Platônico
Vem sem saber de onde ou por que
Uma imensidão de tenros calafrios
Um querendo querido sem querer
A vida passada num sonho pueril
O apelo do sorriso na vontade
Numa triste incógnita melodiosa
Uma comparação que chega a crueldade
De tão perfeita, torna-se odiosa
Aquele que não sabe, anda perdido
Na triste e bela ânsia do meu ser
Como pode passar tão despercebido?
Nesse imenso e melancólico padecer
O que anseio não chega aos meus ouvidos
Talvez não seja um jogo de ganhar ou perder...
Por J.M.
sábado, 16 de abril de 2011
Como um sonho
Havia poeira no sol que penetrava pela janela. Viu quando ela bateu as asas. Era uma borboleta enorme. Verde. Abriu a janela e ela voou para fora. Era feliz, pensou ela, recuperara sua liberdade. De alguma forma, aquela bela borboleta a fizera lembrar aquele garoto misterioso que havia encontrado pela manhã. Sorriu. A brisa de outono roçagava levemente a sua pele trazendo, de longe, lembranças das quais ela não conseguia se livrar, nem queria. Lembrou-se dele novamente e mais uma vez sorriu. Aquele sentimentozinho persistia, ela nem sabia que nome dar aquilo. Aquele friozinho na barriga, aquela vontade inebriante de cantar, dançar e sorrir por nada. Respirou fundo. Rodopiou. Sorriu, chorou, sorriu novamente. Era uma junção confusa de sentimentos. O rosto dele veio a sua mente, sua voz, sua respiração ritmada, e um olhar oblíquo e misterioso. Ela se perdia nos enigmas daquele olhar, se embalava no som de sua voz e se encantava com suas palavras. E, principalmente ela não entendia por que continuava ali, naquela janela, se tudo o que mais ansiava era correr para seus braços acolhedores e se derreter em seu sorriso abrasador. Ela não sabia o que isso era ao certo. Era uma mistura de esperança, desconfiança, temor e suave desespero. Ela sorriu, lembrando agora de todos os detalhes daquele rosto embriagante. Ele não era bem real: era como um sonho.
Por J.M.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Tarde demais
O canto dos pássaros me embalava hipnoticamente. O vento circulava em um chilrear harmonioso espalhando perfumes de amores perdidos. O som das águas do riacho batia contra as pedras em um ritmo constante, entrando em perfeita harmonia com toda essa minha existência. Abri a mente paras os sonhos que poderiam vir, para a inspiração que nunca chegou e, principalmente, para o amor que nunca encontrei. Ilusões desacreditadas, pensamentos pueris, brincadeiras não mais engraçadas. De repente me senti envolta por todo aquele arrependimento irremediável, a minha vida que se passou em um sonho e se esqueceu de viver. Esta mesma, de tão cruel, esqueceu-se de sorrir ou de simplesmente esquecer. E que, no entanto, acabou sendo esquecida.
“Se eu pudesse voltar atrás...”
Um pensamento clichê, decerto. Eu não podia e nem voltaria atrás, ao início. Estava quase no fim desta insignificância sem nenhuma história para contar. Eu era o nada. Eu era menos que o nada. Passei todos esses anos apenas existindo, sem viver. Afinal, o que era viver?
Eu não sabia, nunca havia experimentado esta sensação da qual tanto falavam. Havia me esquecido de ser feliz, de notar as pequenas e singelas coisas, estas mesmas que faziam toda a diferença. Eu não sorria mais, não encontrava nenhum motivo, embora houvesse vários. As pessoas ao meu redor foram sumindo aos poucos, uma por uma. Até aquele que dizia me amar. Talvez fosse verdade, talvez ele tivesse me amado. Risos, piadas, segredos. Tudo isso fazia parte de um passado do qual eu mal me lembrava. Estava distante, longe de mim. Agora, só me restava o arrependimento e este lápis para transmitir tudo que sinto.
Olhei ao meu redor, em busca de um sorriso. Admirei cada face que se mostrava tão feliz, feliz por nada. Apenas por ser feliz. Uma inveja inofensiva se abateu sobre mim, uma mistura de arrependimento, infelicidade, nostalgia e agonia. Dentro de mim um conflito, até que já não pude agüentar mais e chorei. Chorei de verdade. Chorei como há nunca havia chorado antes. Se eu pudesse contar todas as lágrimas que chorei nesta tarde, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva...
De repente senti um arfar ritmado ao meu ouvido que fez-me despertar do mais íntimo de meu ser. Era um garoto, devia ter no máximo uns cinco anos e se encontrava todo enlameado. Eu o olhei de soslaio procurando esconder todos aqueles vestígios de fraqueza.
- O que é? – perguntei rispidamente.
Ele sorriu, ignorando a minha pergunta. E ao ver meu olhar desconfiado sorriu mais ainda. Um sorriso puro, como eu nunca havia visto. Era como um anjo. Em um gesto singelo e inesperado, ele sorriu novamente e me entregou uma flor. Só então percebi que novamente eu chorava, mas não de tristeza ou arrependimento, e sim de emoção. Admirei àquela pequena flor e sorri. Sorri como há muito não sorria. A alegria penetrou meu ser deixando-me eufórica. Era como se o segredo de toda a minha felicidade estivesse contido naquelas pétalas. Agradeci comovida e ele se foi. Aquela foi a única vez que eu o vi. Talvez não fosse tarde demais...
Por J.M.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
O beijo que não era meu.
Chovia. As lágrimas desciam por meu rosto, como a lavar minha alma. As sequei levemente para limpar aqueles vestígios de fraqueza. E então fui tomada por tal confusão de pensamentos e esperanças pueris, perfeito contraste com toda a minha existência. Seu belo rosto foi se desenhando lentamente em minha mente, cada traço tão perfeito, deixando-me eufórica. Os seus olhos azuis eram como um revolto oceano, mas que também podia tornar-se uma tranqüila lagoa silenciosa. O lápis imaginário percorria o seu delicado nariz, um tanto arrebitado, seus lábios corados e carnudos que tornar-se-iam tão mais atraentes pronunciando as palavras certas. E em fim, seu sorriso. Ah! Como eu amava aquele sorriso, por ele ser contagiante, sincero, sem preocupações, que me fazia sorrir também; um sorriso satisfeito, feliz... O meu sorriso.
Enquanto estava eu a devanear, àquela cidadezinha suspirava um último adeus a mim e como que para harmonizar, lá estava ele prostrado, perto da jabuticabeira. Pude notar uma minúscula lágrima brotando do canto do seu olho.
Certamente não é por mim, pensei.
E não era mesmo, ele não me amava. Nunca amaria. Eu era uma sonhadora e desiludida em ainda pensar nele. Seu rosto, seus olhos, seu sorriso, invadiam a minha mente sem nem pedir permissão, penetrava tanto meu ser que às vezes eu chegava a pensar que eu vivia para amá-lo. Uma idéia absurda, decerto; mas ela bem que se encaixava. Ele sorriu pra mim, não um sorriso despreocupado como outrora ele costumava esbanjar, mas um sorriso triste. Que estranha junção de sentimentos, como poderia ser um sorriso triste? Mas era. Eu não via outra forma de descrever aquele sorriso que dizendo nada dizia tanto.
Tantos risos, conversas, segredinhos, posso até arriscar dizer que fomos felizes. Três crianças ingênuas e felizes. Eu, Ele e minha Irmã. Sempre fomos muito unidos, nossos pais eram sócios, então preenchíamos a falta deles fortalecendo a nossa amizade a cada dia. Éramos pequenos e tínhamos um futuro promissor, crescemos juntos, como irmãos; um não fazia nada sem que o outro estivesse presente, raramente brigávamos, e quando acontecia, eram briguinhas bestas e logo passava. Sim, posso afirmar com certeza, éramos felizes. No entanto, aconteceu uma coisa (in)esperada; crescemos.
E com isso os sentimentos e emoções ficaram bastante claros formando-se então um triângulo amoroso. O Destino era um ser cruel, todo-poderoso e implacável. Como eu podia amar logo aquele que se apaixonara por minha irmã? Impossível compreender essas peças que a vida prega na gente.
A cada dia que passava eu tentava esquecê-lo, tirá-lo da minha vida. Aquele amor avassalador e inesquecível.
Admirei minha irmã por meros segundos. Como ela se mostrava tão fria? Nenhum suspiro, nenhuma lágrima vertida. Será que ela era incapaz de sentir?
A nossa vida estava naquela casa, toda ela. Todos os bons e ruins foram passados lá. E todos com ele... Ele que ainda se encontrava lá, encostado à velha jabuticabeira suspirando um último adeus.
Então, como em um ato de desespero, ele buscou nos impedir enquanto corria com o intento de nos alcançar. Como eu queria correr para os seus braços confortantes e dizer o quanto eu amei e amo. Para o meu triste desatino, não havia recíproca, e nunca haveria.
Quando ele se deu conta que não tinha mais volta, em seu último gesto singelo atirou ao ar um beijo. E eu o agarrei, aquele beijo que continha todo o seu amor, um beijo desesperado, quase um pedido de desculpas ou talvez até um perdão. Sim, agarrei aquele beijo como se fosse a minha vida, aquele beijo que não era meu.
Por J.M.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Fuga
Onde está você que não responde?
Onde estive eu que não pergunto?
Escondo-me de ti, procuro onde
Na minha covardia, acho astuto
Este monstro me persegue sem piedade
Numa enorme desatinada explosão de dor
Um fulgor enevoado. Será verdade?
Ou se esconde de mim o mesmo amor?
Então me pego num imperdoável engano
Um eu perverso e pulinâmine sepultado
Sombra de carícias desencontradas
Naqueles maus-tratos de amor mal-dados
Em um fingimento ardil e mal-amado
Repudio infeliz e eu não sonho.
Por J.M.