A cada minuto que passava andava cada vez mais rápido, odiava passar por aquela rua, principalmente á noite. Suava frio e apertava meus livros contra o peito, como se aquilo pudesse me proporcionar algum tipo de proteção. O medo começou a tomar conta de mim, as luzes dos postes começavam a piscar assustadoramente, uma leve brisa gélida me rodeava. E a cada passo que eu dava parecia que a minha casa se distanciava mais. A rua estava completamente deserta, um vira-lata qualquer passeava por ali. Por um instante, pensei ter ouvido algo. Não conseguia mexer um só músculo. Estava petrificada.
- Consegue me ouvir? - sussurrou uma voz desconhecida em meu ouvido.
- S... Sim.- gaguejei.
- A queda não cancela a glória de ter subido.
Eu conseguia ouvir sua respiração nitidamente e então ... ele sumiu.
Acordei suando. Nunca tive sonho tão estranho como aquele, me arrumei lentamente e desci.
- Já vai? - indagou minha mãe displicente mente.
- Estou atrasada.
Cheguei cedo no colégio para evitar encontrá-los. Nunca fiz nada contra eles, mas insistiam em me fazer passar por motivo de chacota. Fui direto para minha classe de xadrez, onde ganhei três vezes consecutivas do meu parceiro. Encarei-o com um olhar de "Não tenho culpa" e ele riu. O seu sorriso, como eu o adorava; o observei por algum tempo e ele disse:
- Eu vou sair esta noite com uns amigos e minha mina, quer ir?
- Não, obrigada.
Como ele ousava pensar que eu, logo eu, gostaria de segurar vela para a namoradinha dele? Tamanha audácia me irritava. Saí rapidamente antes que mais alguém me chamasse.
Então foi que os vi, estavam todos lá juntos. Aqueles garotos vis, vingativos, chulos, dissimulados.
Como eu os odiava. Um deles, aparentava ser o líder, grunhiu:
- Olha lá gente, lá vem a quatro-olhos!
Eles gargalhavam. Um se aproximou de mim e me empurrou como se eu fosse um vira-lata qualquer. Caí no chão atordoada e espalhei todos os meus livros. Foi o pior momento da minha vida até que uma mão foi estendida em meu socorro e me ajudou a levantar, a agarrei como se daquilo dependesse a minha vida.
- Obrigada. - agradeci encabulada.
- A queda não cancela a glória de ter subido.
Por J.M.