quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Desilusão

Os meus olhos se encontraram com os dele e um conflito se criou dentro de mim. Como um garoto poderia ser tão bonito?

Seus olhos eram de um negro profundo, cabelos rebeldemente arrepiados e, em fim, seus músculos, tão exageradamente definidos, que eriçavam os pelinhos da minha nuca. Ele estava um tanto distraído, parecendo esperar alguém, então tomei toda a coragem que me restava, arrumei meus óculos e fui até ele decidida.

“Oi. Quer sair comigo?”

Enquanto esperava ansiosamente a resposta, um turbilhão de coisas passou pela minha cabeça. E se ele aceitasse? Poderíamos ir ao cinema ali perto. Ele tocaria levemente a minha, ao e encostaria carinhosamente seus lábios nos meus. E então descobriria que eu era o amor de toda a sua vida.

Um dia qualquer, ele me perguntaria displicentemente:

“Amor... O que vai fazer, nesse mesmo dia, o ano que vem?”

“Não sei...”

“Que tal completarmos um ano de namoro?”

Aquele seria o dia mais feliz da minha vida.

Ele chegaria encabulado em minha casa e enfrentaria meu pai, me pedindo em namoro, só para ver-me feliz.

O namorado mais perfeito do mundo me diria, de cinco em cinco minutos, que me amava incondicionalmente e não respiraria sem a minha presença.

Um ano depois, me surpreenderia com flores e conseqüentemente me pediria em casamento. Sendo o marido perfeito. O amor da minha vida. A pessoa que estaria sempre comigo quando precisasse. Meu George.

Teríamos filhos, uma mansão e viajaríamos todo ano para Disney. Seríamos eternamente felizes. A família perfeita.

Ele me olhou confuso me interrompendo de meus devaneios e falou encabulado:

-Desculpe, mas... Tenho namorada.

Por J.M.